terça-feira, 30 de novembro de 2010
Sobre status quo e pessimismo
A maioria das pessoas, pelo menos as que eu conheço, fica feliz ao receber uma notícia boa. O que aparentemente é uma coisa normal. Exceto pra mim. Quando eu recebo uma notícia boa, eu fico desconfiada. Quando é mais de uma notícia boa ou, pior, quando elas são todas ótimas, incríveis e extraordinárias, eu fico muito, mas muito preocupada.
A questão é simples e muito compreensível, basta que você acompanhe meu raciocínio: não é possível que tantas coisas boas aconteçam pra uma só pessoa, de uma só vez. É como jogar cartas e receber quatro, cinco coringas juntos. Pra isso acontecer, alguém no jogo vai ter que se dar mal.
A princípio, a lógica parece boa pro dono dos coringas. Tudo indica que ele está no controle da situação, que é o rei da partida. Só que na hora de bater, seu jogo pode acabar todo sujo. E o outro jogador, aquele desprovido de sorte no começo, tem tudo pra vencer com uma porção de canastras reais.
O que eu quero dizer é que notícias maravilhosas e inacreditáveis não são garantia de nada. Até porque existe uma razão para elas se chamarem "notícias inacreditáveis". Não me interessa o que seu terapeuta motivacional disse, a vida simplesmente não pode ser assim tão generosa.
O Universo precisa estar balanceado. É o tal do status quo. Maldito status quo. Isso significa que quando você recebe várias notícias boas durante um dia, alguém, em algum lugar desse imenso planeta, ficou sem coringas. E amanhã, quando a partida recomeçar e as cartas forem novamente embaralhadas, o Universo vai te tirar alguma coisa. E aposto que vai ser aquele ás de copas.
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terça-feira, 23 de novembro de 2010
Momento "Frankly my dear"
Tá decidido.
A partir de agora teremos aqui o Momento "Frankly my dear".
O que é o Momento "Frankly my dear"? É uma pequena pausa na programação para deixar claro o quanto eu não me importo com determinado assunto. É inspirado numa fala do filme "E o vento levou", em que o personagem do Clark Gable diz a Scarlett O'Hara, interpretada por Vivien Leigh: "Francamente querida, eu não tô nem aí."
E o "Frankly My Dear" dessa semana vai para o autor do seguinte comentário:
"Querida(?) Nathália. Tente achar um tempo na sua nova agenda lotada de atriz e tente postar coisas interessantes nesse blog, afinal, eu frequento essa bagaça muito antes de você inventar essa moda de aparecer na tv. Dê mais consideração para os seus leitores do blog. ESTRELA!"
Tenho bastante consideração pelos meus leitores, mas quanto a esse... "Frankly my dear"...
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Guarda-roupa da psicótica
A primeira temporada da série "Adorável Psicose" foi curtinha e deixou - pelo menos em mim e na equipe - um gostinho de quero mais. Pois bem. Enquanto a segunda temporada é produzida, o Multishow vai reprisar os cinco episódios da primeira. Então quem perdeu vai ter a chance de acompanhar. E quem acompanhou (e gostou) vai poder rever.
Aproveito a deixa para agradecer a alguns parceiros, já que sem o apoio deles teria sido bem mais difícil produzir a série. Foram todos escolhidos pela (minha, minha!) figurinista incrível Melina Akerman.
A partir de agora, vou postar aqui todos os looks da série, para quem tiver curiosidade de saber. Por ora, deixo um imenso obrigada a todas as marcas que formaram o guarda-roupa da psicótica.
Luko: roupas e acessórios femininos www.luko.com.br
Diversa : roupas femininas www.dversa.com
Comparsaria: sapatos femininoswww.comparsaria.blogspot.com
Treelip: roupas masculinas www.treelip.com.br
Le Berbat: bijouterias www.leberbat.wordpress.com
Addict: roupas masculinas www.verdadeiraidentidadeaddict.com.br
Gotlib Vintage: casquetes www.gotlibvintage.com
Q- Vizu: roupas unisex www.qvizu.com.br
Thais Gusmão: lingerie www.thaisgusmao.com.br
Shop 126: roupas femininas www.shop126.com.br
New Order: acessórios www.neworder.com.br
Via Mia: acessórios www.viamia.com.br
Rosa Mundi: roupas femininas http://www.flickr.com/photos/rosamundi_/
City Shoes: sapatos femininos www.cityshoes.com.br
Melissa: sapatos femininos www.melissa.com.br
Antix: roupas femininas www.antixfashion.com.br
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terça-feira, 16 de novembro de 2010
Da série: psicose reflexiva
Neste texto, eu estava pensando em associar meu fracasso afetivo ao fato de que eu nunca conheci ninguém em circunstâncias especialmente interessantes. Eu ia enumerar diversos casos de amigos que conheceram pessoas de maneiras peculiares. Como uma amiga, que encontrou um cara numa boate comendo um bolo de aniversário. Ele ofereceu um pedaço a ela, que aceitou e só depois descobriu que o moço sequer conhecia o aniversariante. Estão juntos há sete anos.
Eu planejava contar como nunca conheci ninguém de uma forma memorável. E como, de repente, isso poderia dizer muito sobre meus relacionamentos. Porque, pensa bem, se é pra passar um bom tempo com alguém, seria legal ter uma boa história para contar, e encerrar com um suspiro, seguido da tradicional "e foi assim que nos conhecemos."
Mas até então eu só tive histórias enfadonhas. Do tipo "e então eu cheguei no aniversário da minha amiga e o primo dela... tava lá." Ou então, "nós trocamos dois ou três e-mails de trabalho e depois fomos jantar... num restaurante." Uau, hein?
Esse seria o tema do texto. Mas aí eu percebi uma coisa. Eu percebi que dou muito valor às coisas que eu não tenho. Eu não tenho um namorado, nunca tive um relacionamento sério e duradouro, não sou nada bem resolvida com meus pais e, por uma série de razões, não tenho uma autoestima lá muito sólida.
Existem muitas coisas que eu não tenho e eu poderia passar a vida toda falando delas. O que de fato eu farei. Para a sorte do meu analista. Mas hoje, só dessa vez, só por este post, eu vou falar do que eu tenho.
Então vamos lá. Eu tenho... leitores. Eu tenho leitores que escrevem coisas pertinentes sobre os meus textos. E que perdem alguns preciosos minutos do seu tempo para ler o que eu escrevo. Eu tenho... um programa de tevê. Eu escrevo e atuo num programa baseado no meu blog. E as pessoas assistem.
Eu tenho... um pé enorme, mas isso não é exatamente um ponto positivo, então vamos seguir em frente.
Eu tenho uma boa mãe, que não é perfeita, como qualquer outra pessoa - inclusive eu -, mas com quem eu sei que posso contar. E eu tenho amigos incríveis, pessoas que não tinham a menor obrigação de gostar de mim e que me aturam com todo esse pacote de paranoias e maluquices.
Eu ia falar sobre como eu nunca conheci ninguém de maneira espetacular, sobre como eu sinto que parte da minha vida permanece vazia e só piora conforme eu vou me decepcionando. Mas sobre isso eu já falo sempre. Por ora, vou me dar ao luxo de me sentir profundamente sortuda e grata.
***
Maaass, como a pesquisa já havia sido feita, fiquem vocês com meu top 5 das formas mais incríveis de se conhecer alguém:
5 - Closer - "Eu fui atropelada e foi assim que nos conhecemos"
4 - O fabuloso destino Amélie Poulain - "Nos vimos na cabine fotográfica do metrô, eu fiquei com o álbum de fotos dele, fiz uma série de joguinhos para lhe devolver e foi assim que nos conhecemos"
3 - Brilho eterno de uma mente sem lembranças - "Eu te conheci, te apaguei da minha memória e foi assim que nos conhecemos. De novo."
2 - Antes do Amanhecer - "Estava viajando de trem sozinho na Europa e foi assim que nos conhecemos"
1 - Only You - "Fui à Itália encontrar o homem da minha vida, achei o cara errado e foi assim que nos conhecemos" (foi mal, gente, mas o Robert Downey Jr marcou minha adolescência)
Bonus track: "depoimentos" de casais de velhinhos em Harry e Sally
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Solitude
Escrevo por vocês, não por mim. Ando cansada demais e sem paciência para falar da minha vida. O que é bastante irônico, já que andei trabalhando feito louca numa série autobiográfica.
É que escrever me faz lembrar de algo que vem me incomodando muito nesses últimos meses: o fato de que estamos, inevitavelmente, sozinhos no mundo. Não importa se temos ótimos amigos, mães e pais espetaculares. No fim das contas, somos apenas nós. Tomando decisões e tendo que lidar com as consequências delas, sozinhos.
Não posso negar que estou um pouquinho influenciada pelo fato de uma das minhas amigas mais próximas estar toda namorandinha com um cara novo. Fico feliz por ela, claro. Ela merece alguém legal. Mas é que toda vez que essa minha amiga começa a sair com alguém, eu automaticamente deixo de existir na vida dela. Mentira. Eu continuo existindo para ouvir as novidades e dar algumas opiniões que quase nunca são ouvidas. Tirando isso, sou cortada fora da agenda.
Minha mãe sempre me disse que as amizades são circunstanciais. Minha mãe é apocalíptica e adora ver o pior lado das pessoas, por isso nunca levei esse conselho em consideração. Mas numa coisa ela está certa. Minha rede de amizades flui de acordo com uma variante invariável: quem está solteiro.
Na verdade, também entram nesse grupo os amigos com relacionamento em crise. Esses costumam ter uma agenda bem mais disponível que os amigos emocionalmente felizes. Aliás, eu vou falar uma coisa. Nada mais chato do que um amigo emocionalmente feliz. Quer dizer, tudo bem estar feliz, que bom, que bom mesmo. Mas custa ter um porém? Um entretanto? Tipo "tô saindo com um cara incrível, maravilhoso, extraordinário, pena que ele é manco e caolho". Custa?
Uma pessoa emocionalmente bem resolvida potencializa todos os seus complexos e as suas inseguranças. Só serve pra você se dar conta do quão patética e vazia é a sua própria vida. E como você realmente está sozinho. Apesar dos seus amigos ótimos. E dos seus pais super válidos. E do seu gato de estimação que te faz companhia - exceto se ele estiver desaparecido há dois anos, de maneira misteriosa, e até hoje você tiver sonhos estranhos em que ele volta de um mestrado em Nova Iorque.
Em vista disso tudo, eu só digo uma coisa: acostume-se com a sua cara. Você vai passar muito tempo sozinho com ela.
(Se o desespero bater, procure o cirurgião plástico mais próximo.)
Solitude - Billie Holiday
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quinta-feira, 11 de novembro de 2010
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