natalia

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Psicose Reflexiva


O bom da vida é que sempre aprendemos coisas novas. Uma sucessão de eventos aparentemente banais que nos leva ao conhecimento acerca do inimaginável. Como prender o salto entre os paralelepípedos de uma rua deserta às 3:30h da manhã e, por uma série de fatores que incluem violência urbana e vontade de fazer xixi, tentar resolver a situação da maneira mais rápida, causando danos permanentes à estrutura do sapato.
Mas, para a surpresa desta psicótica, ao levar o calçado para consertar, fui prontamente informada de que a alma do sapato estava intacta. A alma do meu sapato estava intacta! Como assim?, pensei, enquanto encarava o sapateiro perplexa.
Naquele momento, abria-se um novo horizonte. Porque se os sapatos têm alma, eles também devem ter céu e inferno (e não, eu não estou falando de uma loja do Jimmy Choo versus seção de calçados da Renner). Agora finalmente sabemos o que acontece com as Havaianas arrebentadas, os All Star furados e as cantoras da MPB.
Mas por que nunca ninguém ouviu falar disso até hoje? Como diria Rhonda Byrne, "O Segredo" é a alma do negócio. Já segundo Fábio Jr, carne e unha, alma gêmea, bate coração. Mas, para o meu sapateiro, a alma do negócio é apenas um pino que estrutura o sapato e não te faz descer do salto, mesmo presa entre paralelepípedos em frente ao cemitério.
Alma penada não me assusta mais. Porque agora eu sei que meus sapatos têm alma intacta. Os meus. Os seus eu já não sei. Mas se eu fosse você (e isso não quer dizer que vamos trocar de almas, feito o Tony Ramos e a Gloria Pires), eu pensaria duas vezes antes de sair por aí pisando levianamente nos seus scarpins. Um dia eles podem resolver se vingar e te dar um pé na bunda.
"But I'm just a soul whose intentions are good
Oh lord, please dont let me be misunderstood"

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Companheiros, às compras!


Agora é oficial! Ninguém precisa mais sentir culpa. Se o Lula falou, tá falado. Todo mundo abrindo a mão e correndo pras compras de fim de ano. Depois do show da Madonna e da visita de Carla Bruni, o presidente resolveu soltar a franga e liberar geral. Como diz o ditado: se a vida te dá uma bolsa despencando, compre um sutiã! Ou dois. De repente umas blusinhas, uma calça jeans, um vestidinho estampado... De peça em peça, a galinha reforma o guarda-roupa.
Em discurso na TV nesta segunda-feira, Lula iluminou meu espírito rebelde. Piquete é coisa do passado, a moda agora é passeata no ar-condicionado. E não vale só ficar olhando vitrine que nem cachorro babando o frango da padaria. Tem que pagar pra ter!
Eu, como patriota que sou, apóio meu presidente em gênero, número e degrau (de preferência da escada rolante, subindo para o próximo piso). Estou pronta para manifestar meu estilo e representar a classe dos fashionistas na escolha das peças-chave deste verão sem sol!
Consumista é o escambau! Estou ajudando a movimentar a economia global!
Brincadeiras à parte, o discurso do Lula faz total sentido. É por isso que amanhã mesmo eu vou ao shopping, com a consciência tranqüila de estar fazendo a minha parte, cumprindo meu papel diante desta crise.
Mas também não vou mentir. Nem tudo são flores (apesar dos adereços florais estarem suuuper em alta). Não compro apenas para fazer deste mundo um lugar melhor. Compro por razões pessoais. Porque se eu não comprar o comércio não vende. E se a loja não vender, não fará novas encomendas à fábrica. E aí a fábrica produzirá menos e, a médio prazo, meu emprego poderá estar em risco. Justo agora, que eu acabei de saber que vou ser contratada!
Por isso, patricinhas, digo, militantes, mãos às sacolas! Vamos dar um banho (de loja) nessa crise!
Todos juntos, cantando:

"Keep young and beautiful,
It's your duty to be beautiful.
Keep young and beautiful
if you want to be loved."



OBAMA apóia discurso de Lula. Confira em vídeo exclusivo.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Confissões de uma Psicótica


É, meu bem, não vou te enganar não. Sei do teu passado todo. E ele te condena. Li os comentários constrangedores que você postou há dez anos num fórum acerca de um possível teste de DNA para Darth Vader e Luke Skywalker, já que eles vivem no futuro e no futuro a tecnologia não pode funcionar só à base da Força. Vi sua classificação no vestibular da faculdade de medicina que você largou faz sete anos para ingressar em comunicação - de onde, aliás, você não saiu até hoje. Te vi no flog super miguxo daquela coisinha ninda adoradora da Hello Kitty que julgo (lamentavelmente) ser sua ex. E posso, inclusive, te adiantar que o peguete novo dela é mais bonito que você. Só que ele escreve errado. Você não. Sua ortografia é sempre impecável. Mesmo quando discorre sobre a saga de Star Wars. E você nunca escreveu aXxim, deXxi jeiTu fOfuxXxO.
Meu nome é Adorável Psicótica e eu sou uma xereta anônima. Xereta, com t. Caso contrário, meu problema seria outro. E eu não estaria aqui agora, escrevendo essa confissão descarada. Pode ter certeza que eu estaria fazendo algo bem mais útil e (re)produtivo. Mas, para o meu infortúnio (e talvez o seu também), cá estou. Uma xereta viciada, entregue ao submundo dos links, perdida na selva dos scrapbooks, sem lenço, sem documento - exceto a sua carteira de identidade que eu achei na internet, número 58765664-9, expedida pelo Detran. Não que eu tenha algum intuito criminoso, longe disso. Não fuço ninguém por maldade. Fuço simplesmente porque posso. Porque tenho os dedos mais rápidos do Google Earth e te encontro antes de você conseguir soletrar O-N-D-E-E-S-T-Á-W-A-L-L-Y.
Começa com uma buscazinha no orkut, uma olhada en passant pelas comunidades, pelos scraps, pelos testimonials mais calorosos. Daqui a pouco vira uma pesquisa refinada no Google, um pente fino que devassa tudo que faz de você o indivíduo complexo e subjetivo que é. Ou, pelo menos, o ser Frankenstein que eu monto no meu dossiê imaginário, encaixando as peças e tentando decifrar o indecifrável.
Porque não adianta fugir. Quem tá vivo tá no Google e mais cedo ou mais tarde vai ter seu nomezinho no histórico de buscas de outrem. No futuro que já começou (pois a festa é sua, a festa é nossa, é de quem quiser), todo mundo terá suas 15 ocorrênciazinhas de fama. Ninguém está imune.
Mas não precisa ter medo da internet (ou da Virginia Woolf). Um amigo meu tem medo do Sting. Porque o Sting vai ficar te olhando a cada passo que você der, cada palavra que você disser. Todo dia.
Então fica aí o recado para os que gostam de sair por aí comentando em blogs alheios com pseudônimos malucos ou emitindo opiniões anonimamente. Não pensem que vão se safar dessa assim tão fácil. Hei de persegui-los até as profundezas do inferno, se for preciso, mas irei encontrá-los, um a um. E quando acontecer, vou ficar só na espreita. Que nem o Sting.
I’ll be watching you.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Da Série:

Episódio de hoje: "Quem mexeu na minha mão?"

Então você está no aniversário da Suellen, a gordinha animada da faculdade que está sempre meio bêbada e ri de tudo, mesmo quando o assunto é sério. Talvez porque ela nunca esteja prestando muita atenção no que você diz. E aí ela vira mais um copo e faz um quatro com as pernas. É a sua deixa pra dar uma volta.
Nesse momento você vê o cara. Sujeito boa pinta, camisa dos Ramones, óculos super modernosos. Razoavelmente alto. Se ele mandar um papo aceitável, já era. Acordo selado. Não há nada de muito melhor do outro lado da festa, você pensa, enquanto escuta algo que se assemelha à risada da Suellen. Mas, sei lá, pode ser o liquidificador. Não, espera, é a Suellen mesmo. Ela está agarrando alguém. A Suellen está sempre agarrando alguém, deus sabe como.
Uhhh, ele sorri pra você, o bonitinho da camisa dos Ramones. Você sorri de volta, tímida, e vai até a cozinha pegar gelo pra sua vodka. Ele te segue. Você sorri novamente, agora um sorriso safado, porque sabe o que te espera. Sua safada!
Blá, blá, blá, mesma ladainha de sempre, De onde você conhece a Suellen?/ Eu não conheço a Suellen./ Ah, não?/ Não, eu entrei de penetra, e assim vai, até que ele pega na sua mão.
Ah, não. Não, não, não! Quem foi que te deu o direito de pegar na minha mão, hein, bonitinho da camisa dos Ramones?, você pensa, enquanto tenta deslizar sua mão para fora daquela situação.
Porque o panorama é o seguinte: você tá ali, de papo com o cara, dando mole, toda bonitinha... Quer dizer, ele podendo chegar junto, te dar um beijão, te agarrar, te apalpar... E o veadinho pega na sua mão?! Tá de sacanagem, né? Ou melhor, NÃO tá de sacanagem!
Eu, como adorável psicótica que sou, penso que poucas coisas requerem tanta intimidade como pegar na mão. Posso liberar a entrada do meu clube privê no primeiro encontro, mas na minha mãozinha ninguém vai sair bolinando não! Ora, tá pensando o quê? Que a vida é fácil? Se aprume, querido!
Posso contar nos dedos da mão esquerda do Lula a quantidade de vezes que saí por aí dando a minha. Minha mão. Porque mão a gente não pode dar assim fácil não, meu povo. Mão é uma coisa muito íntima, muito sua. E sua mesmo! Não tem nada pior do que ter que aguentar a mão suada de alguém que você não gosta. O cara sai com você uma ou duas vezes e acha que tem o direito de andar pelas ruas de mãos dadas? Não, senhor! Bora tirando essa mãozinha boba daí! Eu sei lá por onde você andou com esses dedos! Higiene, meu filho, higiene!
Mas fora as questões sanitárias, há também uma forte questão afetiva. Porque quando o bonitinho da camisa dos Ramones toca na sua mão, ele é apenas um estranho fingindo que tem intimidade suficiente para te fazer carinho. E você é esperta demais pra acreditar nessa farsa, ainda que seja uma farsa construtiva. Tipo quando você tinha cinco anos e os seus pais te disseram que seu gatinho de estimação Pitt foi para uma fazenda cheia de animais, onde todos seriam felizes.
Pegar na mão de alguém é uma falsa promessa de telefonemas, de um cineminha com jantar, de uma mensagem inesperada pro celular no meio da tarde. E a verdade não é essa. A verdade é que, no final das contas, ele é só um estranho tocando a sua mão. É tão desconfortável quanto um sujeito com cecê que vem sentar ao seu lado no ônibus e você dá aquela chegadinha pra lá estratégica.
Não me leve a mal, bonitinho da camisa dos Ramones. Não sou pudica. Mas também não sou hipócrita. Se o objetivo for levar a garota pra cama, não perca seu tempo pegando na mão dela. Vá direto ao ponto. De preferência o G. E vê se não erra!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Guia prático de como se esperar sozinho por alguém em um bar ou restaurante


A primeira coisa que você irá observar quando se vir sozinho em um desses locais é uma súbita e incontrolável necessidade de ocupar as mãos. Quando isso ocorrer, em geral, momentos após você se sentar, recomendamos que siga rigorosamente as instruções contidas neste guia. Elas serão a garantia do sucesso durante sua espera.
Antes de mais nada, olhe bem para suas mãos. O que você vê? Tome consciência delas, admita para si mesmo: “Sim, eu tenho mãos”. Caso você, por alguma eventualidade, não as possua, sugerimos que pule direto para a próxima lição. Do contrário, encare-as com firmeza, deixando claro quem é que manda.
Procure sempre mantê-las ocupadas. Mãos livres são sinônimo de problema. É crucial saber exatamente onde colocá-las enquanto se espera por alguém em um bar ou restaurante. Alternar desordenadamente as atividades manuais pode se configurar como um indício de insegurança. E você não vai querer parecer uma daquelas pessoas que freqüentam bares sozinhas – porque, não se engane, é exatamente isso que vão pensar. Sendo assim, sua postura é essencial. Controle suas mãos. Se as puser sobre a mesa, procure mantê-las ali por um período razoável. Evite movê-las demasiadamente. Mãos firmes querem dizer “estou esperando alguém que, de fato, vai chegar”, em vez do temível “sou um maníaco depressivo que bebe sozinho todas as noites”.
Se preferir, também pode mexer no cabelo – mas apenas um número limitado de vezes. O excesso de mexidas na região capilar pode ser visto como um sinal de caspa.
De uma maneira geral, sinta-se livre para criar sua própria combinação de movimentos. Apenas sugerimos que estabeleça uma certa lógica em sua coreografia e, haja o que houver, jamais manuseie a região genital.


Depois de um certo tempo, você irá observar que o garçom fará uma espécie de dança ritualística em torno de sua mesa. Isso significa que está na hora de pedir alguma coisa do cardápio que lhe foi entregue desde o momento em que você adentrou o local de espera.
Opte por um drink. Um aperitivo, por mais inocente que pareça, pode ser encarado como uma admissão pública de solidão. Seja ousado. Beba algo com um teor alcoólico relevante. Faça dessa espera um momento menos burocrático. Permita-se. Sua companhia chegará logo.


Quando você alcançar o nível desejado de controle dos membros superiores, você irá perceber que possui pernas. Em caso negativo, pedimos desculpas e sugerimos que passe para a próxima lição.
Se continuar neste novo parágrafo, solicitamos que não entre em pânico. Caso suas pernas tenham iniciado uma série de movimentos aleatórios e espasmódicos, isso é sinal de que você chegou a uma nova etapa da espera: a impaciência semi-histérica.
Pedimos, mais uma vez, que mantenha a calma. Não há razão para se preocupar. Essa situação é totalmente reversível.
Experimente cruzar as pernas. Note se houve alguma alteração nos movimentos. Caso não surta efeito, termine sua bebida e vá – sem pressa – ao toalete. Lá, faça uma pequena série de alongamentos, de modo a controlar os espasmos nos membros inferiores.
Com os joelhos semiflexionados, dobre a perna direita e empurre-a para trás. Utilize a mão direita para puxar o pé e proporcionar um melhor resultado. Faça o mesmo com a perna esquerda.
Depois, dobre a perna direita e empurre-a para frente. Ponha as mãos sobre o joelho para ajudar no alongamento. Faça o mesmo com a perna esquerda. Repare que se fizer com as duas ao mesmo tempo, você irá cair – e não economizar tempo. Portanto, não banque o esperto e siga as instruções à risca.
Saia do toalete e aja com naturalidade. Se preferir, dê a descarga antes de sair, para não levantar suspeitas. Nesse caso, lembre-se de também lavar as mãos. E, se em alguma hipótese, alguém abrir a porta do banheiro e o flagrar no meio dos exercícios, não perca a compostura. Mantenha-se firme e apenas diga: “cãibra”.
Ao retornar, peça mais uma bebida.


Quando finalmente tiver recuperado o controle dos membros superiores e inferiores, você irá sentir um leve formigamento nos globos oculares que o levará a um impulso incontrolável de observar os demais presentes no local de espera. Caso não possua olhos, somos levados a crer que você também não esteja lendo este manual, visto que as versões em braile e em áudio ainda não se encontram disponíveis.
De qualquer forma, quando a situação acima descrita se desenrolar, sugerimos que foque seu olhar em objetos específicos. Disciplina é fundamental. É absolutamente desnecessário observar os casais felizes e os grupos de amigos boêmios sentados às outras mesas. Lembre-se de que você não está sozinho. Sua companhia está quase chegando. Você não precisa da piedade deles.
Aproveite que o garçom está tirando o copo vazio da sua mesa e peça mais uma bebida. Peça no capricho e dê uma piscadela de olho para selar o acordo. Se você perceber que o garçom achou que se tratava de um flerte, prove o contrário. Pegue o seu telefone celular e finja ligar para alguém – supostamente a pessoa aguardada.
Aproveite para reler mensagens antigas, isso servirá para distraí-lo enquanto o drink não chega. Vá até a agenda telefônica e veja para quem você pode ligar.
Se você chegar até a metade do alfabeto, desista. Nem pense na letra M. A última coisa que você precisa nesse momento é ligar para sua mãe. Em vez disso, experimente brincar com um daqueles joguinhos disponíveis no seu celular. Lembre-se que você pagou caro pelo aparelho. Desfrute os recursos que ele oferece.
Escolha o que lhe parecer menos complexo, como pinball, por exemplo. Aperte qualquer tecla, como se soubesse exatamente o que está fazendo e solte uns eventuais risinhos, levando a entender que está entretido. Isso deverá enganá-los.


Tal como os heróis nas narrativas épicas, chegará o momento em que tudo estará por um fio. Procure não descontar tudo na bebida, embora você se questione sobre o que teria acontecido com aquele drink caprichado que o garçom acabou de lhe entregar e que agora se encontra vazio à sua frente.
Se você olhar para baixo, irá reparar que seu pé está batendo no chão em intervalos de tempo muito curtos, como se você estivesse bastante impaciente. Note que esse sintoma pode se estender até os braços e as mãos, fazendo com que seus dedos tamborilem sobre a mesa em uma sinfonia desagradável.
Quando isso ocorrer, utilize a mão livre dos espasmos para pedir mais uma bebida e, em seguida, pressione-a sobre a outra mão, tentando conter as batidas dos dedos. Faça o mesmo com os pés. Ignore as pessoas que, por alguma razão, estejam observando suas ações. De maneira alguma as encare. Especialmente aquele casal que ocupa duas mesas só para atender a uma necessidade estúpida de se sentar lado a lado. Como se houvesse algum problema em jantar olhando para a cara do outro. Não, não, mas é romântico assim. “Romântico”, você pensa em tom de desdém, enquanto folheia pela centésima vez o menu. Lazanha é com S, caralho, com S!
Você está à beira de um ataque de nervos quando chega a bebida. Respira fundo e toma a metade em um gole só. Você está sozinho. Sozinho. Todos estão rindo, felizes, e você está sozinho. Ninguém o ama. Ninguém nunca o amará.


Agora, você lembra que não devia ter bebido de estômago vazio. O que você não lembra, entretanto, é quantos drinks já tomou. Você chama o garçom e pergunta. Ele não entende nada do que você diz. Você o acha curiosamente divertido e o convida para se sentar a sua mesa. Mas ele balança a cabeça e responde algo incompreensível, que soa como um toca fitas com bateria fraca.
Ocorre um breve lapso no espaço-tempo e uma bebida surge magicamente diante dos seus olhos. A essa altura, você já não questiona muito, simplesmente aceita.
Mais um lapso no espaço-tempo, agora um pouco maior, e você se vê diante do suposto casalzinho romântico. Você lhe diz algumas verdades e come um pouco da sua "lazanha", sem deixar de tecer alguns comentários ácidos sobre os erros ortográficos contidos no cardápio.


Vcoê não qeur sbaer de conevrsa faida. Fnialmnete se dá cnota que etse maunal é uma grnade bsota! Seguarnças fihlos de uma ptua! Eels não qeurem triar as moãs iumdas de cmia de vcoê!
Vcoê etsá se sentnido óitmo! Óitmo! Carlaho! Se fduer! Se fduer tdoo mudno! Vcoê etsá epserando uma psesoa! Ela etsá cheagndo! Só mias um miunto, vcoês vão ver!
Ok, aogra vcoê foi exuplso do etsabelecmiento. Mas vjea pleo ldao poisitvo, ao meons vcoê não pgaou a medra da cotna.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Vai, Vai


Sabe quando você tá falando com alguém no MSN? Alguém que te interessa, claro. O papo já tá rolando há um tempo e de repente começa a ficar mais devagar. O outro vai ficando quieto... Você também acaba ficando quieta... Até que você decide tomar a frente da situação e diz: “bom, então tô indo”. Só que a pessoa vira e responde: “vai, vai”.
Como assim “vai, vai”? Tá me expulsando? É você que decide agora? Você é o deus do MSN??
Quer saber? Não vou mais. Pronto. Não-vou-mais. Vou ficar aqui até amanhã. E aí? O que você vai fazer? Hein, deus do MSN?
Detesto quando alguém manda um “vai lá”, “vai nessa”, “vai na fé”! “Vai na fé”?? Quem é que manda alguém ir na fé?? É o Papa? É o capelão? Não, é o super deus do MSN...
“Vai na sombra” também é foda. “Vai na sombra" não é apenas querer dar uma de engraçadinho. "Vai na sombra” é pedir pra ser mandado tomar no cu! Tipo, tá bom, eu vou na sombra, mas você vá tomar no olho do seu cu!
Agora “vai, vai” é uma dupla afirmativa. Vai-Vai é escola de samba paulista! Não vou! Vai você! Eu vou ficar aqui. Tudo bem que são três e meia da manhã e não tem ninguém online, além de um tal de Fabiano Jones.
Todo mundo tem o seu Fabiano Jones. Ele é uma daquelas pessoas que você adicionou em algum momento da sua existência e agora não tem a menor idéia de quem seja. É aquele maluco, sociopata, que tá sempre online, não importa a hora que você entre. E, por algum motivo, você nunca o deletou. Ele fica lá, enfeitando o seu MSN. De uma certa forma, você se apegou a ele. Nháá, não vou apagar o Fabiano Jones. Ele nunca me fez nada de mau. Sacanagem deletar o cara assim.
Porque, no fundo, você sabe que se apagar o Fabiano Jones , não vai restar ninguém além de você no MSN às três e meia da manhã. Existe uma razão para o Fabiano Jones estar no seu MSN, existe uma razão para ele estar na sua vida. Ele serve pra te mostrar que as coisas poderiam ser bem piores. Se você apaga o Fabiano Jones, você VIRA o Fabiano Jones! E você não quer isso, quer? Então deixa o cara lá, vai, vai...
 
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